Cléo - filha de lansã -, reflete em sua vivacidade e impetuosidade sua filiação, assim como sua audácia: inventa projetos e faz mil coisas ao mesmo tempo; c advogada c faz roteiros de vídeos, compõe, fala vários idiomas e gosta de um bom vinho. Busca a paz na diversidade e fez o curso de teologia para aperfeiçoar sua busca espiritual.
Cléo Martins - autora de vários livros -, nos oferece agora esse encantador Obá, a amazona belicosa, que acrescenta à Coleção Orixás um rico universo sobre a divindade Obá: forte, destemida, feiticeira e pouco vaidosa, de temperamento apaixonado e irascível; é a rainha da guerra, sendo a mais velha entre as esposas de Xangô; morre de ciúmes do marido devido à preferência deste por lansã c Oxum, suas duas outras esposas; exerce a liderança na irmandade de mulheres guerreiras da sociedade Elecô.
O livro, de fácil leitura, traz uma introdução primorosa contando as dificuldades para escrever sobre Obá, pois, atualmente, há poucos cultores e devotos dessa guerreira e oferece-nos uma iniciação sobre a religião dos orixás. Cléo nos vai enriquecendo com informações adicionais e reflexões sobre cultura africana e religiosa, mitologia, e receitas das comidas oferecidas aos orixás.
A autora aborda assuntos variados com uma propriedade ímpar, sobretudo quando cita intelectuais como António Olinto e Zora Seljan, Monteiro Lobato, Jorge Amado e apresenta outras personalidades menos conhecidas do público leigo, como Martiniano Eliseu Bonfim e mães-de-santo brasileiras, ensejando o desejo de conhecer mais e melhor esse universo.
As lendas contadas são interessantíssimas e levam o leitor a se entusiasmar pelo assunto e a querer saber mais. Na descrição mitológica grega e iorubá-brasileira Cléo exorbita e as compara de maneira interessante.
Enfim, é um trabalho primoroso de pesquisa que revela ao público esse orixá fascinante e misterioso.
Glória Moura
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