À história do negro brasileiro é a história de sua luta de libertação, os quilombos do século XVII, as revoltas males do século XIX.
A Macumba conta esta história, como os negros do Quilombo de Palmares foram derrotados pelas 'falanges' dos índios chefiados por Domingos Jorge Velho, Capitão de Campo, Capitão da Mata, 'Oxóssi'.
A Quimbanda exprime sempre o desejo total de libertação, o sonho de uma República negra — a libertação do homem oprimido e escravo será total ou inexistente.
Por outro lado a Umbanda conta a história da repressão sangrenta deste desejo, isto é, a submissão a 'Oxalá' senhor do céu e da terra, o rei de Portugal e seu aparato colonial de repressão.
Os autores deste livro propõem uma nova leitura dos cultos afro-brasileiros. Uma leitura elaborada a partir das ideias de Marx, Freud e W. Reich sobre a instituição religiosa, e assim se distinguem das abordagens a que estamos acostumados, o paternalismo etnográfico ou a 'recuperação católica'.
Esta abordagem teórica materialista não significa o desprezo pela macumba, mas ao contrário, na luta em que se opõem umbanda contra quimbanda, em todos os períodos da história, os espíritos quimbandeiros: Exus, pretos velhos da quimbanda, caboclos da quimbanda chefiados por Pantera-negra, Pomba-Gira que representa o desejo louco, a libertação da sexualidade, são sempre os heróis da liberdade, que exprime os sonhos dos homens oprimidos em sua luta pela libertação.
Neste livro tentamos demonstrar que o aspecto mais rico e mais importante da macumba é a quimbanda — a quimbanda dos Exus não é uma magia diabólica, mas um ritual de libertação.
Este livro sobre a macumba não pretende chegar a conclusões definitivas. Ao contrário, ele foi escrito para defender a quimbanda do movimento que se tem feito para destruí-la e também para abrir campo para alguns problemas e começar a defini-los. Escrevemos para alertar a opinião pública e mesmo para provocá-la. Procuramos estabelecer uma rotura com todas as (leituras) ideias dominantes sobre a macumba.
Comentários do produto