Dentre os guias e protetores da Umbanda, há uma linha que difere profundamente das demais por suas características, ação e natureza. É a do povo da Água, um grupo constituído de seres misteriosos em nada se parecendo com as entidades das outras, pois, enquanto estas, sabemos tratar-se de espíritos humanos desencarnados após a vida terrena, as das águas são desconhecidas em seu conteúdo ou essência assemelhando-se aos orixás dos candomblés. Não falam, não dão consultas e apenas baixam, incorporando nos médiuns entoando cantos tristes e lamentosos. A incorporação desses seres é feita para limpar o ambiente astral do terreiro, após as sessões normais dos outros guias (exceto as de Exús). A líder máxima, lemanjá, tem como auxiliares as sereias, ondinas, ninfas, náiades e caboclas do mar. É linha praticamente feminina, embora digam que os marinheiros fazem parte do Povo d'Água. Vamos à sua história.
Do continente africano vieram, juntamente com os escravos, duas lendas sobre a criação dos orixás, particularmente de lemanjá, que mais ou menos influíram de modo marcante: uma de origem Jêje e outra, loruba ou nagô (Jêje, nação de Daomé; loruba, da Nigéria). No Brasil, prevaleceu a lenda Jêje. Diz ela que, no princípio, Olorum, Deus supremo, criou Obatalá (céu) e Odudua (Terra). Da união entre os dois, nasceram Aganju (terra firme) e lemanjá (o mar ou o elemento líquido). Mais tarde, da união de Aganju com lemanjá, nasceu Orungã (simbolizando o ar e as alturas.) A maternidade fez desabrochar em lemanjá grandes encantos e seduções. Orungã, encantado com a beleza de sua mãe, aproveitou-se certo dia da ausência do pai Aganju e tenta violentar a própria genitora...
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