De há muito já, ou melhor ,desde que, ainda muito jovem, segiiia o Catolicismo Apostólico Romano, isto é, desde quando era eu ainda católico e, por sinal, presi-dente-fundador de duas Congregações Marianas — uma na Igreja de Nosa Senhora Aparecida, do Cachambi, no Méier e outra na Igreja do Senhor Bom Jesus do Monte, na Ilha de Paquetá — uma ideia sempre me impressionou, sempre orientou meus princípios de Fé Cristã.
Abandonando, mais tarde, o Catolicismo e me passando, com armas e bagagenst para, o Espiritismo — Kardecista, em princípio e, a seguir, Umbandista — essa ideia cada vez mais se me avolumou na mente, tomando seu maior incremento, na verdade, quando em 1967, escrevi e publiquei meu livro — 'O Livro dos Exus (Kiumbas e Eguns)'.
E qual é essa ideia?!... perguntar-me-ão, por certo, meus estimados e amigos leitores.
Que ideia é essa que tanto o persegue e que, cada vez mais, se avoluma em sua mente?!...
* * *
Em 1930, ainda aluno do Colégio Militar do Rio de Janeiro, residia eu em Paquetá.
Lá residia e, quando o então Vigário da Ilha — Padre Newton de Almeida Baptista (hoje Bispo em Brasília) — querendo fundar unia Congregação Maria-na — sabedor que era de que já era eu Congregado Mariano desde 1928 e, além disso, também conhecedor dos meus sentimentos religiosos — para tanto me convidou, o que aceitei e} tendo o Professor Hálmalo Tar-eísio Cardoso (do Ginásio São Bento) como Secretário e o hoje Capitão-de-Mar-e-Guerra João Cabral Huguet, como Tesoureiro, foi fundada a dita agremiação.
Destarte, eu — que frequentava já, assídua e piedosamente, a Igreja do Senhor Bom Jesus do Monte — nela mais amiúde me encontrava, face ao encargo de presidente da Congregação Mariana de lá.
Pois muito bem!...
* * *
No mês de maio de 1931, assistindo a uma das solenidades em homenagem à Maria Santíssima — pois que estávamos justamente no Mês Mariano ou Mês de Maria — tive o ensejo de ouvir um maravilhoso sermão pregado pelo então Padre Apparício Lenine, sermão esse em que} entre outras qualidades da Maria Santíssima, por ele decantadas, disse o Pregador que 'O Poder de Maria era tão grande que, se Ela pedisse a Deus perdão para o Diabo, sem dúvida> alguma, Deus o perdoaria'.
Ouvi e, sem que o pudesse evitar, tais palavras me caiaram bem fundo em meu próprio ser que, terminado o Ofício religioso que ali se realizava, tendo saião todos os que lá se encontravam} encostei-me o. uma das colunas até hoje existentes no referido Templo e, com a maior piedade cristã de que se pode fazer ideia, levantei meus olhos parq a Imagem de minha Querida Mãe Celestial e, com palavras arrancadas do mais piedoso e honesto sentimento, proferi, mais ou menos, a seguinte prece:
— 'Se o Vosso Poder é tão grande, como de fato o é, pedi a Deus, minha querida Mãe do Céu, perdão para o Diabo!...
Fi-lo e, a bem da verdade, senti-me como se transportado fosse, de um momento parai outro, para um ambiente totalmente diferente de tudo o que, humanamente, me foi possível até hoje conceber.
* * *
Passam-se os anos. Muitos amos mesmo.
Mudou minha vida em tudo por tudo. Muita coisa, sob todos os pontos de vistai me aconteceu desde então.
Em 1967, como digo linhas atrás, escrevi e publiquei o meu 'Livro dos Exus (Kiumbas e Eguns)'.
Para o fazer, é lógico, muito estudei, muito investiguei, muito pensei.
Em particular, muito estudei e aprendi quanto a Exu e, pari-passu; quanto a religiÕesf especialmente a Umbandista.
Desta forma, a uma conclusão, inabalável, por sinal, cheguei: a estória do 'melhor Anjo' (Luz Bela) se revoltar contra Deus e, por sua conta e risco, fundar o seu próprio reino, ou seja, ter a£sim aparecido o Diabo e seu reino era — e é — para mim, além de absurda, uma verdadeira afronta que se faz à inteligência humana, além de se desvalorizar, depreciar e achincalhar mesmo o próprio Deus.
E, justamente daí, o ter nascido a ideia de, a respeito, escrever eu mais um livro. Escrever, além dos que tenho já publicados, mais este que ora apresento a meus estimados e amigos leitores:
EXU — O GÉNIO DO BEM E DO MAL
Por seu conteúdo, evidentemente, dirão os que me honrarem com a sua bondosa preferência e atenção que, de duas uma: ou quero ir muito além do que devo ou quis, por isso mesmo, estou me apresentando como imperdoável hereje ou, antes mesmo, como singular blasfemador.
* * *
Conto, por sinal, a respeito, com o perdão de DEUS se O ofendo e, por outro lado, com o atendimento de um pedido que fiz e que — ao que me foi intuído — ser atendido, a cujo respeito, porém, manterei — pelo menos por enquanto — o máximo sigilo.
O AUTOR.
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