Situar-se entre um princípio e um fim.
Situar-se no movimento da História.
Situar-se na dinâmica viva do acontecer da Natureza.
Conceber a si mesmo na consciência de seus próprios limites, para, então, tomar-se por medida, medida viva, tomar conhecimento do andamento das coisas do Universo, no seu rumo infinito; na sua eternidade.
Eis, diria, a compulsão do espírito humano que, como o Verbo Bíblico, é o termo inicial, a semente originária da árvore do conhecimento do Homem.
O acontecer da vida nas formas vivas da vida terráquea, necessariamente não se esgota neste planeta-mundo, nem na natureza dos seres vivos que lhe são possíveis. No seu acontecer infinito, a vida em outros 'mundos' há de ter criado outros conjuntos de seres vivos. E nestes há de ter acontecido algum ser pensante, como na Terra aconteceu o Homem. Tais seres cosmicamente possíveis, por imperativo natural, como temos feito, hão de ter situado, a si mesmos, numa visão do Universo. E, tal como nós, hão de se ter tomado como medida, como módulo referencial, para equacionar a natureza das demais coisas do Universo.
E, como temos feito em princípio, hão de ter julgado a natureza do Universo a partir do conhecimento de suas específicas naturezas. Mas, ainda como a nós — que até recentemente fundávamos toda a nossa ciência numa concepção antropocêntrica e geocêntrica — devem ter superado, ou se encaminham para superar essa primeira tendência do espírito de conceber o todo pela parte; de conceber o que é o Universo pelo que, nele e por ele está a ser em alguma de suas moradas siderais.
Neste livro se estuda, ou se demonstra como vem sendo equacionada a magna questão da vida no seu cósmico acontecer. E, na sua transcendental amplitude, que compreende a natureza humana., que a explica. Mas, não se define por ela, pois não se reduz apenas a ela como também não se reduz à natureza de ser específico algum, terreno ou extra-terreno.
Os seres vivos nas suas específicas naturezas são próprios de ecosistemas — como o é a Terra — e, portanto, ao menos por isso hão de ser diferentes. Hão de ser vários, porque necessariamente também são várias as naturezas específicas dos 'mundos' que, como eco-sistemas fechados, possibilitam que a vida se engendre em seres viventes. Contudo, hão de ser semelhantes quanto às leis fundamentais da vida, acontecer cósmico e portanto constante.
Nós humanos temos entrado numa idade cultural que, definitivamente não mais busca explicar o que é o Homem pelo que é o Universo. Ficou no passado histórico o tempo em que, inversamente tendíamos a conceber o 'mundo' por aquilo que nele, como uma de suas infinitas possibilidades de ser, estamos sendo.
Teremos a sorte de nos encontrar com outras criaturas que, na evolução dos seres vivos de outras 'terras', tenham aberto seus espíritos do mesmo modo?
Esperamos que isso aconteça.
E este livro já tem o endereço do possível diálogo que, na ocasião nós haveremos de desenvolver com seres extra-terrenos.
CARLOS JACCHIERI
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