Há muitos anos, quando a família de ciganos Varnagy veio para o Brasil, o jogo de cartas era consultado da mesma forma que jogavam as ciganas do clã Lovara, em Budapeste e no extremo norte da Hungria, onde os romani treinavam cavalos para os espetáculos de circo e, montarias adestradas.
O jogo era realizado exclusivamente por mulheres, sempre as mais velhas de uma família, porque no autêntico universo cigano, apenas as mulheres mais novas lêem as mãos, assim como também apenas as mulheres com mais experiência podem olhar nas cartas o que Ananke (destino) reserva às pessoas. Os sábios ciganos reconheciam: 'só as mulheres têm no ventre, no coração e na cabeça algo que os homens não têm'. E este dom que lhes foi dado por Deus, lhes amplia o poder da visão; a maternidade lhes aguça a intuição e assim, podem sentir o quê e como devem revelar a sorte do Consulente, ajudando-o, sem interferir em sua vida pessoal.
O jogo de cartas ciganas que pretendo perpetuar através de muitos de vocês, me foi ensinado por Constantina, minha tia-avó, falecida aos 100 anos de idade, em 1996. Era uma grande shuvani (feiticeira) que manejava com muita destreza as ervas e as cartas.
Quero através deste livro, resgatar a validade das cartas inseridas nas gravuras do baralho cigano, ou das cartas ciganas. Afinal, estas cartinhas não estão ali para enfeitar, e embora digam respeito aos fatos e aspectos materiais, traduzem a principal mensagem do jogo, como vocês poderão comprovar com a leitura deste trabalho.
Há de se ter em consideração que, para realizar um jogo perfeito de cartas é preciso ter um excelente treinamento, possível apenas se o estudante dispuser de tempo e paciência numa pesquisa sem período previsto para terminar. A intuição, a percepção de qualquer energia que desprenda o nosso Consulente ou o poder de dedução acertado, são frutos de um trabalho árduo, que além do dom natural que se possa ter, é o único caminho acertado para se chegar à maestria que nos propomos alcançar com as Cartas Ciganas.
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